agarra que é gatuno - I

acordámos sobressaltados.
a mãe vestia apressadamente a bata de chita da gajageira de todos os dias e calçava os chinelos. o pai abotoava à pressa as calças com o talho de alfaiate, feitas pela mãe na máquina de costura da prima victória, tronco nu, e saíam para a rua ajeitando o cabelo com as mãos.
havia confusão. parecia tratar-se de um roubo ali perto.
saltámos todos da cama e fomos lá para fora onde o sabor fresco da madrugada ainda se fazia sentir pois no céu haviam ainda somente aparecido uns pequenos rebentos de sol. ao fundo do nosso quintal, na estrada de terra, tinham-se juntado várias pessoas da vizinhança que ainda mal conhecíamos pois morávamos ali há pouco tempo.
O vizinho da casa geminada à nossa que era da polícia, já lá estava e explicou-nos de que se tratava apenas de um roubo de galinhas. o gatuno, esse, já tinha fugido. uns diziam que o tinham visto fugir para os lados do campo de golfe que se estendia à frente do nosso bairro indo-se quase colar ao aeroporto. outros, juravam tê-lo visto passar na direcção das nossas casas.

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