as cores dos sonhos - I

macias, leves, de várias cores.
saíam de dentro da cartola do mágico e faziam a minha delícia.
saltavam de dentro dela e deslizavam-lhe pelo braço.
Subiam e desciam como serpentinas, escapavam-se, multiplicavam-se e enchiam o espaço de cor e fantasia.
Tinhamo-nos habituado a ele. ele era a parte mágica do sonho que enriquecia o nosso mundo, lá no bairro.
vinha quase sempre a meio da manhã, durante a semana, já depois de ter calcorreado as estradas poeirentas dos bairros e muceques vendendo os sonhos de porta em porta.
não fazia qualquer pregão. chegava sem se fazer anunciar.
a surpresa também fazia parte de todo aquele quadro.
andava já pela casa dos cinquenta, era de estatura média, uma figura que passaria despercebida não fosse a mala de cartão grosso, castanha escura, como o fato coçado que trazia, a imitar o couro, pesadíssima, que transportava consigo.

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