as cores dos sonhos - II

atravessava o grande quintal onde normalmente descansava a berliet tramagal do pai depois de cada viagem. batia as palmas, qual pancadas de molier.
a mãe saía da cozinha de pois de passar as mãos pelos cabelos e de ajeitar a bata de todos os dias e recebia-o com um sorriso rasgado. nós seguíamo-la e ocupavamos os nossos lugares em torno dele.
era então que começava o espectáculo.
depois de grandes cumprimentos, pousava a grande mala no chão de cimento ao pé do gindungueiro que ficava no topo do canteiro enfeitado de zínias e onde se passeava e se escondia o malandro do cágado, e num passe de mágica puxava com a ajuda dos dois polegares os fechos metálicos para os lados abrindo a mala dos sonhos com um estalido.

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