Avó Maria | Maria da Conceição - V

Maria vivia junto com o seu homem. dessa união nasceram duas meninas, mas luciano entretanto resolvera casar-se, não com ela claro, que não era do seu nível.
comunicou-lhe que deveria abandonar a casa. quanto às meninas, a mais velha ficaria com ele e a mais nova, bebé de colo, três meses ainda mal feitos iria com ela. Só a traria quando completasse um ano de idade. Aí já não precisaria da mãe e como tal ficaria bem sob a sua protecção.
assim falava o seu homem e punha e dispunha dos "seus bens".
Maria escutava, a mais nova agarrada ao peito.
peito duro, dorido, pesado do alimento que o seu corpo preparara para a sua criança.
na sua cabeça um turbilhão, seu peito parecia que ía explodir,de mágoa,de dor,de humilhação.
a garganta estava seca, emudecera,os seus olhos fixavam o vazio.
no entanto mantinha a cabeça erguida. nada implorou, como uma verdadeira cuanhama que era.
foi-se embora no mesmo dia, a outra já tinha ocupado o seu lugar.
na sanzala os seus parentes acolheram-na. na verdade, decorridos três meses, levou a sua pequenina para a casa farta. Era como se um pedaço de si estivesse a ser arrancado. Sabia,é que lá, a menina teria uma vida melhor que no quimbo.
refez a sua vida conheceu entretanto o homem que a acarinhou na miséria do quimbo e lhe deu mais filhos.
foi assim, que via a sua filha a crescer, brincar com as outras crianças na grande roça, espreitando através da cerca e resolveu um dia volvidos oito anos encher-se de coragem e pedir para que a apresentassem à sua menina.
reuniu alguns presentes e lá foi...

Sem comentários: