banho colectivo | no fim da viagem - VI

de tudo quanto vi uma coisa achei bonita de recordar.foi um banho colectivo. a mãe já nos tinha contado que era costume do nosso povo banhar-se no rio comungando família inteira com a natureza na doçuradas águas.
os do puto,contava, é que o faziam às escondidas e segundo sedizia tomavam banho três vezes. à nascença, no casamento e na morte. e mesmo essa moda do sapato que atéparece que os colonos nasceram com ele,é só para impressionar e fazer a diferença do preto. muitos, só aprenderam a calçar no barco na viagem para cá... coisas que se contavam...
foi no luena. eram crianças homens e velhos. mulheres e homens juntos. corpos nus tomando banho nas águas do rio. a mãe disse-nos no entanto que cenas como esta ultimamente já eram raras. nos últimos tempos escondiam-sedos risos maldosos e dos olhares gulosos dos ñguetas.
ali, vi que a nossa vergonhase destituía de sentido. era apenas fruto de um somatório de moralidades disparatadas que nos tinham incutido assentes em falsos pudores vindos das falsas e erradas ideias sobre o corpo, sobre o respeito e a relação com os outros, com a natureza,sobre a alegria, a felicidade e o amor.

maio de 1985
março de 1999
julho 1990
outubro 2009

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