banho colectivo | o pai o nosso heroi viajante - III

o pai faláva-nos deos livros do tio, e pela sua boca conhecemos as pupilas do senhor reitor, o amor de perdição, o conde de monte cristo e ouvimos pela primeira vez falar duma coisa como apena de morte em cadeira de gaz com o Chesman.
o pai era assimo nosso herói viajante.
quando vinha a casa era motivo de festa,juntava a pequenada na nossa varanda aouvir connosco as histórias do pai naqueles saborosos serões.
fazia-sesilêncio. Só seouvia o pai que subia ou baixava o tom da voz,arregalava ou semicerrava os olhos, batia as mãosou os pés, imitava os sons, cantarolava ou gesticulava consoante o momento o exigisse.
era único. assim, viajamos com elepelasmil euma noites, estivemoscomo miséria, paralisámos de medo com o som dos passos do diabo.
Tum tum... parava! tum tum... parava!...e o nosso coraçãozito disparava.
vibrámoscom o ali bá bá e os quarenta ladrões,acompanhámosozé do telhado,sonhámos com o aladino e alâmpada maravilhosa.
da mãe ficaram as estórias da vida e fora essas só melembro de uma única na minha infância.
a da formiguina que prendeu o pé na neve.

Sem comentários: