banho colectivo | a viagem - V

estava de férias, o pai tinha-me levado para mais longe que nova lisboa desta vez. mas não ía para a direcção de moçâmedes, tinhamos descido e depois virado para leste rumo ao moxico onde o mano nasceu com cinco quilos, na véspera da actuação do horácio reinaldo um grande acontecimento naquela terriola, de maneira a que até a mãe chegou a pensar por o nome no miúdo, mas a madrinha teimou em dar-lhe outro.
assim passámos por muitas terras, muitas sanzalas. nas matas olhava com atenção os pássaros de todas as espécies e cores que não era possível apanhar com o visgo feito com o miolo de borracha do ventre das bolas de golfe apanhadas no campo em frente ao nosso bairro, e único espaço a campo aberto que nos distanciava do aeroporto da capital. alguns eu conhecia bem. as viúvas todas vestidas de negro o bico delacre de bico cor de sangue,as celeste de peito cor do azul do céu. por vezes o pai chamava a atenção para uns mais raros para mim, de cores lindíssimas, caudas longas, bicos compridos, curtos,curvos ou direitos que trespassavam as nesgas de céu entre a copa das árvores. os macacos viam-se por toda a parte saltitando de galho em galho e que me faziam lembrar o nosso pantufas que me esperava lá em casa para as nossas brincadeiras. as plantações eram tantas que se perdia a conta.os cafezais embrenhavam-se pelas matas e eu pensava como devia ser difícil a apanha do café,se bem que a mãe dissesse que no sisal era mais penoso. na apanha do sisal ficavam com as mãos dilaceradas, e assim, na altura do contrato era à força que se arranjava pessoal para a apanha do sisal. felizes daqueles que íam parar ao café.

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