A Chegada - VII

O Dondo era a próxima etapa. Fazia, a avaliar pela temperatura que estavamos perto da cidade grande e do mar que só habitavam nos nossos sonhos e onde nos esperava o pai.
Em vez da euforia, uma alegria contida e á mistura um pouco de desilusão pairava no ar. A conversa dos pais mostrava que as coisas não tinham corrido assim tão bem para o pai. O magro salário mal dava para a renda da casa. Estava diante de nós tudo o que o pai tinha podido arranjar apenas a casa nova e a gerande vontade de nos ter com ele. Faltou-lhe a coragem de o admitir antes à mãe pois sabia que ela não teria vindo e muito menos arrastado as crianças com ela.
Corria o final de 67 e faltavam três dias para o Natal.
Estavamos juntos na casa nova, nua, chão de mosaicos de cores, a cozinha estreita e as janelas grandes que davam para o imenso quintal, como eu o via, onde se erguiam em direcção ao sol dois elegantes mamoeiros, a velha mandioqueira que iria ser uma grande companheira e confidente amiga, a esquia mangueira que seria cúmplice nas brincadeiras do pantufa o saguim brincalhão e a jovem goiabeira, completavam o cenário.
A mãe respirou fundo. Havia muita coisa a fazer.
(Abril de 85)

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