Muana puewo uneza - I

nos últimos tempos já estava muito difícil.
a barriga já redondinha debaixo do vestido leve parecia era abóbora, tinha-se tornado pesada. agora tinha já embora de ajudar com as costas das mãos a apoiar os rins.
o corpo, esse, já se inclinava para trás e os pés já reclamavam cansaço.
parecia estava mesmo a hora a chegar. era seu primeiro. a sua primeira vez, mas o medo não lhe tomava conta, esperava só. seu convívio com a natureza estava tornar tudo mais simples.
no morno daquela noite, com o xuáxuá das árvores, os cheiros doces quentes e os barulhos da mata, faziam-lhe esquecer o tamanho do susto doutro dia quando ía para o xingue afastado da casa que fazia de latrina e saíu nas corridas.
uma cobra bem comprida saíu do seu lado a se arrastar sem pressas parecia embora a casa era já dela.
nani, lá é que não ía mais sozinha. o xingue foi abaixo. agora era só ir mesmo no mato.
neste dia, as muitas horas de pé com o ferro de carvão parecia era chumbo, o muana desassossegado na barriga, fez que o cansaço lhe tomasse conta do corpo e ainda o galo não tinha cantado primeira vez e já começava a passear dum lado para o outro. sentar e deitar já não dava sossego.
logo, logo, veio o sinal, e um fio de sangue chegou de entre as pernas lh'avisar agora não faltava muito.
seu homem que esperava lá fora mandou homem de confiança chamar sô enfermeiro, o único das redondezas não fossem as coisas se complicar.
nha kacela, a velha com experiência dessas coisas já tinha assitido muitos muanas sair no mundo. lhe segurava nas mãos, lhe dava conforto. pediu-lhe então o pano que estava cobrir a mala no canto da casa de adobe e estendeu no chão de terra batida, bem alisada.
mandou sentar no pano, encostar as costas nos pés da cama, inchada do velho colchão de palha bem remexida por dentro do corpo do riscado camões empoleirado num estrado de madeira forte bem acabada pelo seu homem.
as dores essas já eram muitas.

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