o casal xadrez - I

no caminho para a gare, antes do bairro indígena, bairro pobre, fileira de casas brancas a lembrar ao longe o muro de um cemitério. bairro para os pretos feito sob a capa da acção humanitária e igualitária antes o gueto para onde jogaram à sua sorte uns quantos, ficava o nosso bairro.
atravessando a estrada de alcatrão do lado esquerdo havia uma grande extensão de eucaliptos que ía dar ao horto.
o horto era o lugar idílico. local privilegiado, no ar o aroma da diversidade das plantas que cresciam sob o olhar atento, quase paternal do velho hortelão que nunca negava a ninguém um pésinho daquela planta que ainda não se tinha no jardim. esta coisa dos bocados de terra asfixiados nos plásticos empilhados num canto com inventado requinte, claro, ou emprateleirados, e os pseudo habitats de plantas artificialmente vivas que constituem os garden centers dos grandes supermercados das cidades só conheci mais tarde. aqui, não se pagava o que a mãe natureza oferecia, mesmo quando havia um ser humano cujo trabalho era ser seu colaborador protegendo a fragilidade de alguma das suas crias.
do lado direito e atravessando orio encontrávamos o riwingui, corruptela de living, nome porque era conhecida esta sanzala.

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