Uma montra de sonho - IV

Chegou a hora de abrir os presentes.
Eu pus-me a imaginar, e só via aquela caixa rectangular no meu sapado bem engraxado.
Eis que diante dos meus olhos estava qualquer coisa como uma montra de sonho.
Neste natal só os rapazes e eu tinhamos prendas. A mana já era crescida, uma senhora. Era assim.
Para eles luziam dois D. Elviras novinhos em folha, vermelhos, com guarda-lamas em preto. A mãe dispôs os brinquedos de tal forma que os tornou fantásticos aos nossos olhos. Rapidamente procurei a minha caixa, afinal eu já sabia, mas no seu lugar um serviço de chá em miniatura, mesmo de louça, decorado com bonequinhos esperava-me reluzente.
Saltei de alegria. Abracei-me ao pescoço da mãe. Sentia-me leve, por momentos julguei-me a voar...
Neste ano de 67 não se desfizera a magia de Natal.

Abril/1985

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