velho missas - okucinguila - III

uma coisa ouvi a mãe contar, a que o branco nunca se sujeitaria mas a que assistiu ela o velho missas fazer.
ele encontrava-se doente. chamaram o quimbanda que lhe disse que ele se encontrava possuído por um espírito de alguém falecido. era preciso tratar.
o velho missas deitou-se na esteira, o batuque gritando nos seus ouvidos, possuindo o seu cérebro, percorrendo todo o seu corpo que alagado de suor principiava a tremer, a estrebuchar, num imenso frenesim do ritmo incessante até ao êxtase.
velho missas, o branco que já quase não sabia falar a sua língua materna, aceitou mesmo xinguilar. - okucinguila-.
estava curado. o ritual terminara. nestes casos, era costume pagar ao quimbanda o que eloe pedisse. quando se tratava de uma pessoa de posses não se ficava pelas galinhas, pedia mesmo cabritos e até bois.
mas este pagamento o quimbanda dividia uma parte para os presentes e levava uma boa parte consigo. assim, o ritual terminava em festa. mas agora o rufar dos batuques era já para o remexer dos corpos, para tirar a alegria de dentro e deixá-la transbordar num clima fraterno de comunhão com os outros e a natureza.

maio de 1985

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