O gelo é mágico.
Olhamos o fundo dos copos com design masculino, dizias tu.
Interroguei-te com o olhar e prontamente justificaste com a forma geométrica
Sabes querida, continuo a pensar como foi possível ter sido tudo apagado dos registos e rodavas os cubos a ler a história que atravessava o cristal gelado das formas do interior curvo que seguravas nas mãos.
Fiquei a adivinhar-te o silêncio e resolveste então recriar o episódio do gelo com os sul africanos.
O daquela época em que eles faziam às vezes uma visita ao vosso ermo esquecido do mundo, e num descanso entre jogos de poder tinham-se-vos juntado para saber umas coisas, contaste-me tu. Se sobre o fogo quente da morte, se sobre o poder da chama da vida não disseste. Apenas isto.
Assim no final de tudo perguntaram-me. Ali onde faltava tudo.
Se tivesse que pedir neste momento…alguma coisa, perguntaram-me eles do alto da força do seu poder, o que é que quereria, assim de repente, neste momento.
Olhei-os com a calma dos espaços sem tempo em que habitava e rodei o copo que tinha entre as mãos e desejei o impossível. Ali mesmo o que me faltava, e aí o desejo saiu-me na voz a esquecer de acompanhar o raciocínio da exequibilidade.
Aqui só me falta mesmo uns cubos de gelo.
O sul africano chamou o subalterno a transmitiu em voz de comando a ordem.
Teriam de voar para os ir buscar ao outro lado.
Muitas horas depois fui brindado com a carga de um voo especial.
O meu desejo tinha sido uma ordem.
Assim falamos nas nossas conversas de gelos mágicos de cadernos de fogo ditos em tempos de paz.
Outro dia voltamos ao gelo mas o de uma máquina gigante que chegou de avião também por um desejo e que fazia… uma tonelada de cada vez… que desperdício.

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